Em contato com o elemento africano e a supertição
dos brancos, recebeu o cognome de Taperê, Pererê Sá Pereira, etc. Tornou-se
negro, ganhou um gorro vermelho e um cachimbo na boca. Em alguns lugares, como
às margens do rio São Francisco, adquiriu duas penas e a personalidade de um
demônio rural que faz travessuras e gosta de enganar pessoas. É o famoso Romão
ou Romãozinho.Na zona fronteiriça ao Paraguai ele é um anão do
tamanho de um menino de 7 a 8 anos, que gosta de roubar criaturas dos povoados
e largá-las em lugar de difícil acesso.
Talvez devido aos vestígios culturais
trazidos pelos bandeirantes em suas andanças pelo sul do Brasil, o saci mineiro
recebeu, além dessas qualidades do "Yaci-Yaterê" guarani, um bastão,
laço ou cinto, que usa como a "vara de condão" das fadas européias.
Sincretizado freqüentemente como o capeta, tem medo de rosários e de imagens de
santos. Quando quer
desaparecer, transforma-se num corrupio de vento.
É um duende
idealizado pelos indígenas brasileiros como apavorante guardião das florestas.
A princípio ele era um curumim perneta, de cabelos avermelhados, encantador de
crianças e adultos que pertubava o silêncio das matas.
O saci é um diabinho de uma perna só que anda solto pelo mundo, armando reinações de toda sorte: azeda o leite, quebra pontas das agulhas, esconde as tesourinhas de unha, embaraça os novelos de linha, faz o dedal das costureiras cair nos buracos, bota moscas na sopa, queima o feijão que está no fogo, gora os ovos das ninhadas.
Quando encontra um prego, vira ele de ponta pra riba para que espete o pé do primeiro que passa. Tudo que numa casa acontece de ruim é sempre arte do saci. Não contente com isso, também atormenta os cachorros, atropela as galinhas e persegue os cavalos no pasto, chupando o sangue deles. O saci não faz maldade grande, mas não há maldade pequenina que não faça.
1- Folclore
Brasileiro / Nilza B. Megale - Petrópolis: Editora Vozes, 1999.
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